sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

    Eles passarão... eu passarinho

         Mario Quintana


     Dois jovens que não aceitavam que a luz da democracia se apagasse, que sonhavam com um Brasil fraterno, saídos do sufoco dos porões do regime, buscaram abrigo no Chile de Allende. Semanas depois de sua chegada, aconteceu um terremoto. E, se a vida era tão frágil, o amor era imenso. E foi nesse contexto que trouxeram ao mundo o Marcelo. Longe da família, e num inverno atroz – há quase cinquenta anos não nevava em Santiago – foram criando o guri. Rose era bailarina, fazia Pedagogia em Dança e Marco estudava Arquitetura. Achavam que poderiam ser uma família feliz. Mas, outra vez, o gás lacrimogênio e os tanques de guerra invadiram as ruas, quase já não havia mais alimentos. Marco não podia voltar, e Rose então retornou, tinham que salvar seu bebê.

     A casa em que Rose e Marcelo foram morar, seguidamente era vigiada. Rose fazia o possível para que Marcelo visse apenas o mágico mundo da infância ao seu redor. Alguns anos depois, Marco voltou. Entretanto, já era tarde para o seu amor. Nunca, porém, para o amor que cada um sentia por Marcelo. Que acabou sobrevivendo para ver as Diretas. Que tem, com a sua geração, o grande desafio de fazer com que a Natureza seja preservada.

    Que acabou – para total surpresa de seus pais – entrando no BBB. E entrando de novo, para surpresa de todo mundo.

     Marcelo capeta, Marcelo que nos faz rir, Marcelo professor, Marcelo guerreiro, Marcelo gentil, Marcelo que às vezes nos tira do sério, Marcelo que sempre faz a gente ficar com vontade de malhar e se cuidar, Marcelo irreverente, Marcelo das crianças, Marcelo das tias, Marcelo gato, Marcelo que se reinventa, Marcelo que ri, Marcelo taurino, Marcelo Vadinho, tão sem jeito... Marcelo.


Aos Nossos Filhos (ouçam a Elis, ao lado. Só para os fortes)
Composição: Ivan Lins/Vitor Martins

Perdoem a cara amarrada,
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...

Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...

Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...

E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...

E quando lavarem a mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...

Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim...
Digam o gosto pra mim...

3 comentários:

  1. Olá, Rose, estou adorando entrar aqui, também tenho um filho de Touro, que também nasceu sob signo da ditadura, são teimosissímos, confesso que no BBB4, não seguia pela internet, tinha uma idéia diferente, mas hoje, ele me conquistou, eu, meu marido, e meus filhos e netos, estamos na torcida, parabéns, na vida tudo é luta, e vamu que vamu, estou votando bastante, quero que ele receba essa mensagem nossa. Que fique mais confiante, abs

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  2. o jogo acabou, dourado marcou. que no jogo da vida seja feliz. merece!
    .
    pena que não soubemos usar as polêmicas que sobre ele, tantos criaram para discutí-las em espaços da "academia".
    .
    ah!a academia. a distante de problemas reais e
    que não dá conta de discutir a alteridade. não
    é seu objeto. apenas o discurso politicamente correto. e fátuo.
    .
    dourado foi, sem o querer, quem nos trouxe as reflexões sobre o respeito à ela: alteridade.

    sejam felizes!

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  3. Rúcula sempre maravilhosa! de vez em qdo, entra pelo email.

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