domingo, 9 de maio de 2010




Dia das Mães

Para os povos antigos, havia basicamente duas estações: Inverno e Verão. O Verão, dedicado à Deusa, ou ao feminino. O Inverno, ao Deus, o masculino. E assim vieram as outras datas, todas centralizadas em princípio na relação Terra e Sol: Solstícios, Equinócios e datas intermediárias. Mas todas... reverenciando a nossa humana relação com a Natureza. Mãe Natureza.

Daí o respeito. À Terra, em primeiro lugar, e ao feminino, em segundo.

Quando o poder patriarcal instalou-se, a primeira coisa que acabou foram as festividades que marcavam esta relação. Acabado, acabado não, até porque quem tá no poder não é besta. Mal intencionado sim, besta não.
Então, as festas estas foram "cristianizadas": Solstício de Inverno virou Natal, a grande festa da Deusa Easter (da fertilidade, com coelho e ôvo como símbolo) virou Páscoa e, depois, pelo menos no que toca ao Hemisfério Sul, viraram um samba do criolo doido. Por exemplo: Papai Noel sua a roupa vermelha com algodão que imita pele, porque lá esse Deus do Fogo entrava para anunciar o Inverno.

E vamu que vamu...

Bueno, Dia das Mães era a grande festa da Deusa Mãe, ou Deusa Terra, ou Deméter, ou tanto faz o nome, pois que cada povo tinha o seu.
Inclusive essa Deusa poderia até ter a cor negra ou ser oriental, veja você...

E como eu estava dizendo, o poder que não é burro, não só esculhambou nossa relação com a terra, dessacralizando-a, e com isso permitindo que se a usasse e abusasse, como também vislumbrou aí uma excelente oportunidade de... lucro! lógico.

Sei, sei, o ser humano não precisa andar para trás, não precisa ter valores... se tiver um bom cartão de crédito tá mais do que bom. Não precisa ter decência, coerência, respeito... Mulheres servem para vender geladeira, carro, comida, fralda, desentupidor de patente, pasta de dente, absorvente... Sem contar o concurso de miss(ué, a gente não tinha combinado que não precisava mais olhar pelo retrovisor?...)

E claro, presentes no Dia das Mães...

Até aquela culpinha básica por não estar mais tão presente, que todo o filho sente, é resolvida num passe de mágica!
Levar flores para a minha mãe!... bonito, sim, sem dúvida.
Mas tem cheiro de missa de sei lá que dia. Flores para um espectro, para o espectro de mãe, que poderia estar vivendo naquela cachorra que deu à luz ali na esquina e tem que se virar para trazer o lixo mais próximo enquanto desespera para que seus filhotes não atravessem a avenida...
Para honrar e homenagear a Mãe, a Mãe Terra, a Mãe Natureza, a Mãe Rio, a Mãe mesmo... não pude deixar de escrever.

5 comentários:

  1. Amo sua clareza ao falr de mitologia! nada mais mágico esclarecedor.

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  2. fico impressionada com a clareza com que expõe a dominação, através dos tempos, de ritos e deuses pagãos pelos cristãos chegando até aos donos de tanto tostão q impuseram "nova forma de sacralizar" o que lhes rende mais nesse mundo. dai "o sacro da mãe". rs
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    belíssimo rose. e tão simples de entender, ao ler você. atravessa milênios em poucas linhas
    leves e claras pra quem busca entender a vida.

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    meus filhos acabaram de sair daqui e o maior presente me veio de longe: reencontro ansiado com a filha distante, em fotos e fatos com o seu bernardo. haja amor! chorei ao ver.
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    e o único presente daqui foi o cantarmos jtos,
    com elis, o "começar de novo" de milton e brant. lembrei-me de você. bjo, mãe!

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  3. ah, rose!
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    canta, amiga! solta a voz nas estradas...como diz o milton.
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    e lembrando ainda outro mineiro, o drummont, daquela "pedra no meio do caminho...". acredito que elas existem nos caminhos dos bons, tendeu?
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    q banal seria a vida com a voz presa e sem pedras em nosso caminho, não? bjoca

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  4. e, se vc não continuar postando... aquela nuvem lá não vai passar.
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    tô aqui dando o maior sopro nela. sempre!
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    mulher! você merece! e muito! bjo
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    e vou ouvir elis...de novo! será que ouviram?

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