quarta-feira, 2 de junho de 2010

Falei em São Paulo, quando voltei de lá e não falei no Rio. Ainda, mas vamos lá. O Rio é aquela correria, pra mim tem sido nessas últimas vezes. Sair de um avião, entrar num carro e seguir até o fim do dia com mil projetos e coisas para fazer, mal dando tempo para almoçar e tomar banho.
Mas fizemos o dever de casa majestosamente. Com direito a tarde de autógrafos de Ana Maria Braga, mil pessoas que nos abraçavam, muito papo interessante, outros nem tanto, pára pra tirar foto, olha os flashes dos paparazzis, e vai.
Tarde da noite, feliz com meu notebook, como criança mesmo quando ganha brinquedo, desabei. Banho, uma bela comida, alguns telefonemas de Marcelo e de seu assistente, e cama, na frente de Law & Order.

O dia seguinte seria meu. Café da manhã, felizmente havia açúcar mascavo, pois o meu café é preto mesmo. Algumas ligações e saio direto para o que interessa: um espaço de Dança maneiro, que havia ficado de olho há horas, por intermédio de uma matéria numa revista que ganhei num vôo. Um espaço no qual ficariam acontecendo várias aulas de dança durante o dia, coisas criativas e propostas interessantes. Em Copa. De fato, belíssimo espaço, no meio da natureza, de vidro dando as costas para uma pedra-morro com vegetação à vista. Artes marciais e dança. Quem sabe um dia, eu e Marcelo em dois workshps: um de Dança e outro de alguma luta que ele queira.

Dali, um táxi direto para a Igreja de São Jorge. Antes, uma explicação: claro que não comecei o dia me atirando no mar de Ipanema, ali na esquina, porque o dia estava nublado e meio friozinho. Ideal pra gente "matar" o banho de mar e dar uma banda pelo centro da cidade sem culpa.

Eu havia prometido pra Ogun-São Jorge que iria lá em seu aniversário, 23 de abril, agradecer pela imensa graça recebida. Claro que há outros santos envolvidos, uma renca de muitas mitologias.
Dia 23 eu afinal não estava no Rio, como pensara. Daí, sábado passado fiz uma visita muito especial ao meu São Jorge daqui, que conto dia desses no Cine Ipanema (blog), acho.

Já tinha visto no Google que o Rio tem duas grandes Igrejas de São Jorge. Perguntei pro Marcelo qual era aquela que aparece o Jorge Ben indo todo ano? e, claro, ele falou a... outra. Me informei melhor depois com os cariocas, felizmente.
A Igreja de São Jorge, que fica no centro do Rio, é de 1700 e qualquer coisa, se não me engano. Seus santos são raros e numa grande quantidade. Não exatamente raros, mas é incrível, tem a maioria dos santos que podem ser sincretizados com os orixás. Alguns até, hoje em dia, não muito famosos.
E muitos santos barrocos, me pareceu.

O Santo é imponente! E, em tempos de Segredo, me impressionou uma daquelas grutas com santos que ficam nas laterais das igrejas: ali estavam todos os que participaram da crucificação, inclusive Maria Madalena, que tem uma lágrima escorrendo em seu rosto. E todos em tamanho natural.

A Igreja é uma obra prima. E o povo que ali circula igualmente raro. Tudo no Rio tem um certo movimento, eu diria um movimento a mais do que se gostaria. Três garotos, de roupa cinzenta, que me pareceram os zeladores do lugar, ficam meio que caminhando, cuidando, ajeitando.

Na saída, ou entrada, conforme, na extensão do corredor, uma pequena galeria com santos, velas, posters, chaveirinho, tudo se relacionando com o Santo, tudo avermelhado. Como uma das gurias estivesse sorrindo daquela maneira - "você é a mãe do Dourado!" - enquanto cutucava a outra, perguntei: vocês sabem porque é que estou aqui?
E logo a primeira falou: é!... você É!!! a mãe do..."
- Pois é, vim aqui pagar a minha visita prometida a São Jorge-Ogun.
Fiz questão de informar, pois senti que elas, que estavam ali, deveriam ter uma certa intimidade com o santo, como suas secretárias, parentes ou algo assim. E pro povo saber que a gente estava ali com eles.
- Queria ter vindo dia 23, mas vim assim que pude.

Dali, mergulhei no centrão mesmo à cata de umas peças de informática e de uma loja de importados.

Tentei pegar um ônibus ou lotação e desisti. Inglório demais para quem ficaria tão pouco. Tentei salvar o dia, quer dizer a praia, e me meti num táxi. Na descida, o motora incentivou: aproveita e pega uma praia, vai ver que o mar é meio morno.
Quem sou eu pra resistir? troquei de roupa no hotel, coloquei short e camiseta e tirei a maquiagem. Toalhinha embaixo do braço, a boa havaiana e 5,00 pra um côco. Pelo menos, tomo um côco, vendo o fim da tarde em Ipanema.
E a lua surgiu... quase quase cheia, faltando um tantinho assim. Pedi o côco e depois caminhei até o mar para experimentar a água. Uns uruguaios, ou argentinos, ou sei lá, tirando fotos enquanto se decidiam entrar ou não.
Senti o mar com o pé, vi as ondas, e fui. Tava ótimo, temperatura agradável. E entrei de novo, e foi anoitecendo. Saí, dei mais uma banda e me joguei de novo. Quem sou eu pra perder a chance de um banho de mar em pleno fim de maio?
Voltei pro hotel, tentei sair, mas a chuva apertou e decidi que o melhor era ficar e jantar no hotel. Viajaria no dia seguinte.
O que foi uma grande bobagem, pois acordei muito mal, me lembrando daquele conto Top Model que tá no blog Num Motel. Os frutos do mar me fizeram mal.
Seja como for, tomei o chá da manhã nada menos que nas esquinas das ruas Farme de Amoedo com Vinícius de Moraes, precisamente nesta. Como escritora, senti que ali havia algo, que estava mesmo era sentada no colo do Vinícius (colo no sentido metafísico, óbvio).
Me entupi de remédios e mais uma vez entrei num avião.

Adoro falar com motoristas de táxi, eu e a Angélica. Com eles aprendo, fico sabendo, troco impressões, são o meu termômetro do mundo, eu diria. Quase quase a relação que tenho com os escritores. Todos conectam.

Quando saí dos autógrafos da Ana Maria, já estava solita e peguei um táxi. É sempre conversa vai conversa vem e aparece o Marcelo no papo. Gosto de saber como é que as pessoas vêem esse fato. Ou elas vão descobrindo.

Adoro o cheiro de certas árvores e de certos locais do Rio, que tá muito castigado, diga-se de passagem, em termos de meio ambiente. Dá pena. Mas os cheiros e os lugares bonitos continuam a me chamar, e não posso me fazer de louca: abro a janela do carro e respiro. E conto que adoro, que árvore será aquela, que também tem na Bahia e tem um cheiro que lembra quiabo de mistura com algo um tanto apimentado e doce ao mesmo tempo.
Fomos passando por uma dessas casas que vão sendo construídas em cima de outras casas, que vão se apoiando em outras e assim por diante até... o desabamento.
- E aí o Gabeira se elege (ele tinha lançado a sua candidatura para governador um dia antes, eu tinha visto), inventa de proibir essas construções alucinadas, e o povo fica contra, não entende - falei. - Parece que se tirar a vantagem do cara, se fizer ele pensar no social, não interessa mais... Mas será mesmo? Será que é o povo brasileiro que pensa assim, ou é meia dúzia de corruptos e mal intencionados com uma certa popularidade, credibilidade, sei eu, que "fazem" de alguma maneira o povo pensar que "ele" é assim.
O motora riu e concordou.
Como já tinha visto que o cara era gente fina, cabeça pensante, etc e tal, ainda me exibi: - Pois agora era a hora do Marcelo ficar ao lado do Gabeira, pois o povo se identificou com o Marcelo por isso, por ele ser um cara decente. E aí era hora do Marcelo chegar pro povo e fazer esse discurso: ó, vocês vão ter que guentar ao lado do cara aqui, ele vai se puxar, mas é bom que vocês o apoiem. Tá na hora da sem vergonhice no Brasil acabar. E é todo mundo junto.

Delírios, delírios...

Para equilibrar, o motora português que me levou à Igreja de São Jorge, atravessou a cidade louvando o golpe militar e falando mal do Brizola. Só faltou ressuscitar o Lacerda. Mas mudei a tempo de assunto perguntando sobre a santa terrinha, que tinha muita vontade de conhecer, e como fazer para obter a cidadania. O velhote mostrou-se extremamente cordial, embora sempre tenso. Engraçado como são as pessoas.

No dia anterior ainda, numa das gravações que fizemos numa Globo, enquanto esperava, fiquei numa sala que dava para um grande lago. Imenso, belíssima paisagem à volta, com alguns pássaros em torno. Aos poucos, aguçando a vista, vi pontos brancos em sua superfície. Logo, o câmera com quem estava conversando, explicou: isopor. O lago era limpo, era incrível. Agora é pura poluição.

Tem uma parte aqui da lagoa, em que mora um homem - falou a guria jornalista que vinha chegando - que caminha literalmente sobre as águas, como um São Pedro. Caminha sobre o lixão.

É...

No aeroporto, comprei Força Estranha do Nelson Motta. Folheando, meus olhos lêem "pessoas nuas correndo pela Farme de Amoedo". Histórias do Rio.

Ainda num táxi, passei pela Estudantina, a gafieira, pra quem não sabe. Grande objeto de desejo. E voltei com uma vontade de ter ido às gafieiras, festas e agitos da Lapa.

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Como sempre, os vídeos aqui ao lado, mesmo errando, acertam... (menos quando os neguinhos invadem - é vírus)

Vou andar postando pelos outros blogs em função do Dia dos Namorados: novo no Barrados, vem aí Cine Ipanema, A Mágica (vem aí uma coisa sobre Depressão), etc, mas é no Barrados no Éden que ficará a concentração namoral! Vem aí Como Desencontrar Sua Alma Gêmea - em breve!

3 comentários:

  1. Pois então...esteve em todos os lugares que frequentemente ando e nada de nos esbarrarmos...
    Volte ao Rio com mais um tiquinho de tempo pra conhecer Jacarepaguá, bairro antigo e moderno ao mesmo tempo, bastante arborizado!
    Bastante feliz por teus comentários, percebo que está bem querida Rose.
    Bjs e paz...

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  2. .
    que boa curtida na minha terrinha, mesmo que tenha sido ligeirinha. e que nela, marcelo, o
    eterno aprendiz, seja feliz!

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